esquisitologia

18, dezembro 18-03:00 2008 às 8:47 pm | Publicado em psicologia | 6 Comentários

esquisitologia1O livro Esquisitologia: a estranha psicologia da vida cotidiana do psicólogo inglês Richard Wiseman, como o próprio título indica, versa sobre aspectos incomuns da ciência do comportamento, com temas que dificilmente seriam encontrados num livro tradicional de “Psicologia Geral” ou de “Introdução à Psicologia”. Por isso (e também em parte graças à capa recebida na edição brasileira), à primeira vista tem-se a impressão de que é um livro de auto-ajuda (ou de divulgação científica beirando a vulgaridade) ou então uma espécie de versão psicológica do best-seller sobre economia Freakonomics, de Steven Levitt. Mas a obra está longe de corresponder a ambas as alternativas.

Afinal, todas as informações presentes no livro estão referenciadas com artigos publicados em conceituadas revistas científicas de Psicologia e, às vezes, pelos mais renomados psicólogos. Além disso, não se pode negar em nenhum momento a originalidade da obra e, principalmente, de seu autor.

Richard Wiseman é professor da Universidade de Hertfordshire, doutorado em Psicologia. Mas sua fama ultrapassa os muros do ambiente acadêmico. Wiseman é conhecido principalmente por alguns de seus populares vídeos disponíveis na internet (como um vídeo sobre atenção que consegue fazer quase invisível um gorila dançando entre jogadores de basquete que, embora não seja de sua autoria é baseado em um de seus vídeos) e pelos curiosos resultados de suas próprias pesquisas (como a que aponta Curitiba como a cidade com a maior velocidade de pedestres nas Américas).

Esquisitologia é uma coletânea dos achados de basicamente dois tipos de pesquisa: as que utilizam métodos convencionais para investigar temas incomuns e as que utilizam métodos incomuns para investigar temas convencionais. Assim, o autor consegue discutir assuntos absolutamente cotidianos como a mentira, a decepção, a superstição, o egoísmo e a tomada de decisão a partir dos resultados de suas próprias pesquisas e de outros autores, cuja seriedade não pode ser questionada, como Francis Galton e Eysenck, que também elaboraram desenhos metodológicos que cumprem os critérios citados.

O primeiro capítulo discute a Cronopsicologia, a relação existente entre a data de nascimento (ou a data da morte!) e o comportamento humano. Mesmo que as razões alardeadas pela Astrologia estejam totalmente erradas (o livro explica o porquê), o dia do aniversário exerce, sim, importante influência em alguns aspectos da personalidade (o livro explica o porquê), esclarecendo, ainda, a razão pela qual milhares de pessoas consultam diariamente o horóscopo.

O capítulo seguinte aborda uma questão tão fundamental quanto freqüente em todas as relações interpessoais humanas: a mentira e o engano. Entre outros aspectos, Wiseman discute os elementos que facilitam a identificação de um mentiroso e a psicologia presente no sorriso humano.

O terceiro capítulo, por sua vez, versa sobre o comportamento supersticioso e as relações entre sugestão, crenças e coincidências.

O capítulo seguinte apresenta as variáveis presentes na tomada de decisão, incluindo questões sobre marketing pessoal e a razão pela qual políticos incompetentes continuam a ser eleitos.

O capítulo cinco, talvez o mais típico do livro, é focado na psicologia do humor e apresenta as relações entre riso e longevidade, as diferenças entre homens e mulheres para achar graça em algo, e a busca pela piada mais engraçada do mundo.

Por fim, o último capítulo discute questões relacionadas ao altruísmo, à honestidade, ao comportamento moral e às questões práticas da vida urbana: o que leva alguém a estacionar numa vaga para deficientes não sendo deficiente?.

O leitor pode utilizar os temas abordados perfeitamente no ambiente acadêmico, em áreas de ensino e pesquisa, mas também para animar um jantar aborrecido. Isso não só é possível como o próprio Wiseman testou todos os assuntos empiricamente em jantares “experimentais” e, ao final, da obra, apresenta os dez temas que melhor funcionaram para melhorar conversas chatas.

Não há como ser mais cotidiano. Richard Wiseman consegue ser bem-humorado sem perder a seriedade e discutir o entorno que, paradoxalmente, parece ser invisível para a maior parte das pesquisas psicológicas. Talvez não seja tão esquisito assim.

Resenha original daqui. Mas os links incluídos (quem valem a visita) são exclusividade do meandros! 😉

para não dizer que não falei das flores

7, dezembro 07-03:00 2008 às 11:22 am | Publicado em poesia | Deixe um comentário

meandros-flores-bicicleta1

aço e flor
.
que a flor, a faca e a fera
tanto fez como tanto faz,
e a forte flor que a faca faz
na fraca carne,
um pouco menos, um pouco mais,
quem nunca viu
a ternura que vai
no fio da lâmina samurai,
esse, nunca vai ser capaz.
.
Paulo Leminski

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