troféu meandros 2010

27, dezembro 27-03:00 2010 às 12:14 am | Publicado em sem categoria melhor | 8 Comentários

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Queridos poucos (porém sinceros) leitores. Este blogue por enquanto não acabou. E para provar sua sobrevida, me vejo na obrigação de pelo menos publicar o já tradicional Troféu Meandros edição 2010. (Outras edições: 2006, 2007, 2008 e 2009)

O ano que se finda foi muito diferente de tudo o que já havia experimentado. Nunca na história deste país estive tão atarefado, tão emocionado, tão reflexivo, tão exausto, tão alerta, tão… intensamente mergulhado no presente. É o que faz paternidade, principalmente ao ser pai de gêmeas pequenas e tendo outros detalhes menores para cuidar como o emprego e o doutorado. Creio que eu e minha esposa estamos nos saindo melhor que o combinado, mas obviamente tivemos que fazer algumas escolhas e sacrifícios.

Dentre o que abri mão (além de obviamente querer manter um blogue atualizado), está a possibilidade de manter-me atualizado nas áreas da cultura e do entretenimento, assunto que diz respeito ao troféu deste post. Li, ouvi, assisti, joguei o que pude, muito menos que em outras eras. Listo agora o que encontrei de melhor nesta parca experiência cuja prioridade foi para a vida de verdade.

Melhor Disco

A vantagem da música é que é possível escutá-la por mais ocupado que se esteja.


1.  Amar La Trama – Jorge Drexler

O Drexler é um cantor cujas letras e melodias precisam ser apreciadas com atenção, o que ocorre naturalmente. A opção pela gravação deste disco “ao vivo” para um programa de tevê deixou o som mais orgânico e envolvente. Destaque para a canção Noctiluca, a melhor representação da paternidade (que falava acima) que encontrei até agora.

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2. Música de Brinquedo – Pato Fu

Embora este disco não tenha nenhuma música de autoria da banda, a impressão é que o Pato Fu nunca foi tão Pato Fu ao gravar sucessos idos só com instrumentos de brinquedo. Os arranjos e o leite de pedra que tiraram de instrumentos tão limitados são impressionantes!

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3. Délibáb – Vitor Ramil

Entre outras coisas boas, o Vitor Ramil costuma fazer interpretações de músicas tradionalistas gauchescas com uma classe de MPB que não se encontra mais em lugar nenhum. No disco, isto é mesclado com algumas milongas do Jorge Luis Borges. Vale muito a pena ler também o texto do encarte, que fundamenta teóricamente (!) tudo o que está registrado em áudio. Na estética do frio.

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Melhor Livro

Uma das grandes vantagens de se fazer um doutorado é ter acesso a uma biblioteca de porte com livros que felizmente não tem nada a ver com a tese.

1. Lavoura Arcaica – Raduan Nassar

Taí um tesouro da literatura nacional que eu desconhecia. Obrigatório, só isso.

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2. Desesperados – Paula Cox

Outra obra selecionada quase ao acaso (ou pelo destino) que surpreendeu.  Uma história aparentemente simples, sobre um o desespero do arranhão de um gato.  Mas com muitas camadas , como se diz por aí.

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3. Cinzas do Norte – Milton Hatoun

O livro que me faltava para completar a leitura das grandes obras do Hatoun. Magistral, como as demais.

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Melhor HQ

Porque quadrinhos não são literatura, mas podem ser até melhor.

1. Julia: Aventuras de uma Criminóloga

Os roteiros do Bonelli são o que há de melhor nos quadrinhos atuais. Sempre, sempre surpreendentes.  A emoção adicional este ano foi por conta da promessa da editora Mithos em cancelar a publicação. Parece que voltaram atrás. Mas se eu fosse você, acompanhava também as deduções da Júlia e ajudava a garantir a publicação desta preciosidade mensalmente.

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2. Frango com Ameixas

Embora não conte com o fôlego épico de Persépolis, Marjane Satrapi consegue manter a mão (o que não é pouca coisa) ao contar uma breve história do fim da vida de um tio artista. Um história bem contada. Precisa de algo mais?

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3. 90 Livros Clássicos para apressadinhos.

Embora o livro do sueco Henrik Lange sugira  uma iniciação aos clássicos, as piadas (engraçadíssimas, aliás) só funcionam bem quando o resumo de quatro quadrinhos (três, descontando o título) dizem respeito a um livro que o leitor conhece. Mas me permitiu também conhecer o essencial de obras que eu nunca leria (eu nem sabia que Rambo era um livro e muito menos que o  coronel Trautman o mata no final) e saber o spoiler de obras que pretendo ler…  Nada melhor na época do twitter.

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Melhor blogue

Sempre tem alguma coisa boa passando na internet.

1. Catatau

Além dos belos textos de praxe, excelente cobertura da eleições estaduais e nacional, com reflexões difíceis de encontrar em outros nichos.

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2. Transporte Humano

Enquanto o luddista se recupera e o Apocalipse Motorizado ainda toma distância para saltos maiores, o GTH está suprindo muito bem este espaço de discussão da mobilidade sustentável, da relação entre pessoas e a cidade.

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3. Os Trigêmeos

Há muitos blogues sobres bebês/filhos por aí. Bem escritos, poucos. Escritos sob uma ótica masculina, pouquíssimos. O Otávio faz bem as duas coisas ao contar sobre seus três, agora no Canadá.

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Melhor Filme

Posso contar nos dedos (de uma mão) os filmes que consegui assistir este ano. (E agradeço a iniciativa do Cine Materna que permite que pais e bebês possam ir ao cinema juntos!)

1. Avatar

Assisti em janeiro, então é 2010 ainda.  Indicação feira puramente pela experiência sensorial.

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2. Saneamento Básico

Humor que se transforma em bons bordões no cotidiano. Inesquecível Selene Segall.

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3. Lavoura Arcaica

Estou para ver um filme mais fiel ao livro. Excetuando o fato de que há algumas objetivações que no livro é pura subjetividade, a versão é e extremamente complementar.

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Melhor Show

Se posso contar numa mão o número de filmes, posso contar em um dedo o número de shows.

1. Banda Gentileza + Móveis Coloniais de Acaju

Foi “O” show do ano. E provavelmente continuaria sendo mesmo se eu fosse em outros. Conseguimos (não sem uma boa dose de culpa),  deixar as crianças com os avós e conferir as bandas que ganharam o Troféu Meandros do ano passado na categoria melhor disco. Tudo o que falam do Móveis é verdade, eles levam a plateia na mão e a impressão que deu é que não houve maior animação por falta de espaço no palco do Espaço Cult. E a banda Gentileza, cujo único defeito parece ser a maldição das bandas curitibanas em não deslanchar além das margens do rio Belém, não fez nada feio.

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Melhor jogo de videogame

Esse foi o ano do Nintendo DS, já que a vida só permitiu partidas curtinhas para distrair.

1. Soul Bubbles

Um joguinho muito bonito, relaxante e com uma dinâmica muito bem elaborada. O tipo de jogo que aproveita ao máximo a plataforma em que está inserido.

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2. PICROSS 3D

Um videogame precisa proporcionar momentos melhores que um jornal com sudoku ou palavra-cruzada. O Picross consegue, e bem.

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3. Sonic Colors

Ah, o bom e velho Sonic de volta. E na sua melhor forma.

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Parabéns a todos os contemplados. Agora recebam o Troféu Meandros no conforto de seus sonhos.

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